<p>A ‘invasão’ dos dispositivos móveis mudou a maneira como se interage com o mundo ao nosso redor. E a coleta de dados de uso fornece informações valiosas sobre o comportamento, interesses e preferências dos usuários. Assim nasceu o conceito de Internet of Behavior (IoB).</p>
<p>Acredita-se que a ideia da IoB tenha se originado em 2012 em posts escritos pelo professor de psicologia Göte Nyman, quando ele descreveu uma maneira “de oferecer aos indivíduos ou comunidades um novo meio de indicar padrões de comportamento selecionados e significativos”.</p>
<p>E, mais recentemente, a IoB ganhou atenção graças ao Gartner considerá-la uma das maiores tendências tecnológicas estratégicas do mundo para 2021. Segundo a consultoria, a Internet of Behavior captura a ‘poeira digital’ da vida das pessoas a partir de uma variedade de fontes, e essas informações podem ser usadas por entidades públicas ou privadas para influenciar o comportamento.</p>
<p>O Gartner inclusive também previu que 40% da população global (mais de três bilhões de pessoas) terão seu comportamento rastreado por meio do IoB até 2023. E que, no final de 2025, mais da metade da população mundial estará sujeita a pelo menos um programa baseado em IoB, seja ele comercial ou governamental.</p>
<p>Os dados podem se originar de uma infinidade de fontes, como o comportamento nas mídias sociais, dados de geolocalização capturados de smartphones, compras com cartão de crédito ou mesmo preferências alimentares. E à medida que mais informações podem ser obtidas nas atividades diárias, a IoB será capaz de capturar dados sobre os padrões de comportamento e escolhas.</p>
<p>Ao compreender esses dados é possível prever o comportamento das pessoas, o que pode permitir diversos tipos de uso. “A Internet of Behavior (IoB) será usada para conectar uma pessoa digitalmente às suas ações”, previu o Gartner.</p>
<p>Para as empresas, isso pode significar comercializar melhores produtos e serviços para os clientes, gerando experiências mais efetivas. Na verdade, sua aplicação no mundo real provavelmente será generalizada, cobrindo tudo, desde a maneira como se trabalha e faz compras, até as pessoas com quem interagimos e os destinos para os quais viajamos. Hipoteticamente, as informações relativas a praticamente todas as facetas de nossas vidas podem ser coletadas, com o objetivo final de melhorar a eficiência e a qualidade em uma ampla variedade de objetivos.</p>
<p>Considere um aplicativo de saúde instalado no smartphone que monitore a dieta, padrões de sono, frequência cardíaca ou níveis de açúcar no sangue. Ele será capaz de alertar sobre situações adversas e sugerir modificações de comportamento para um resultado mais positivo.</p>
<p>Essas informações são importantes para as empresas, pois fornecem uma visão melhor de como e para quem devem direcionar seus esforços de marketing. Os mesmos vestíveis que as seguradoras de saúde usam para rastrear atividades físicas também podem ser usados para monitorar compras e o consumo de alimentos. Quem é mais saudável pode pagar menos no plano de saúde, por exemplo.</p>
<p>O assunto é controverso e muitas discussões serão necessárias. Claramente, existem implicações éticas amplas e claras que surgem com essa tecnologia, já que ela também coloca sob os holofotes questões como a ampla vigilância pública.</p>
<p>Dessa forma, parece que uma tecnologia que busca não apenas usar os dados das pessoas, mas, principalmente, influenciar seu comportamento, deve ser acompanhada com transparência suficiente de uma maneira que não viole os direitos de privacidade. Em última análise, a segurança dos dados pessoais terá de ser o centro das preocupações! Principalmente por conta do sigilo dos dados.</p>
<p><em>(*) Consultor na área de tecnologia, CEO da Moretti Soluções Digitais, presidente da ABIDs e fundador e sócio das startups AgregaTech, AgregaLog, Rodobank, Paybi e outros. </em></p>