Na avaliação do professor David Garcia Penof, do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT), a IA tem se mostrado essencial para garantir qualidade nos processos industriais.
A Inteligência Artificial tem desempenhado um papel cada vez mais estratégico na transformação da cadeia produtiva, com impactos diretos na qualidade, segurança, agilidade e sustentabilidade dos processos. A aplicação dessas tecnologias está se consolidando como um diferencial competitivo em diversas áreas, desde a indústria até o campo e o setor alimentício.
Na avaliação do professor David Garcia Penof, coordenador do curso de Engenharia de Produção do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT), a IA tem se mostrado essencial para garantir qualidade nos processos industriais. “Podemos treinar a Inteligência artificial para avaliar o que são produtos bons. Ela consegue identificar falhas de qualidade que, aos olhos humanos, seria muito mais difícil ou demoraria mais tempo para se ter essa percepção”, destaca.
A tecnologia também tem contribuído significativamente para o aprimoramento da segurança no ambiente de trabalho. De acordo com o professor, já é possível empregar sistemas que monitoram em tempo real o uso correto de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) ou a movimentação em áreas de risco, aumentando a prevenção de acidentes e promovendo um ambiente mais seguro.
Outro avanço destacado é a velocidade com que a IA processa e analisa dados. Isso tem permitido otimizar processos como a identificação e rastreabilidade de materiais em linhas de produção. “A IA pode auxiliar nos cuidados ao ser humano, além de seu grande benefício na velocidade da informação e na tomada de decisão”, acrescenta Penof.
Na indústria de alimentos, os impactos da IA são igualmente expressivos. O professor Edison Triboli, do curso de Engenharia de Alimentos da Mauá, ressalta que o setor passa por uma transformação profunda e que o Brasil é destaque. “A indústria de alimentos vive uma transformação sem precedentes, impulsionada pela Inteligência Artificial. O Brasil, como potência agrícola e industrial, está na vanguarda dessa revolução, que está redefinindo desde o plantio até a experiência do consumidor final. O País se consolida como um laboratório global da chamada FoodTech. O desafio agora é garantir que esses avanços beneficiem toda a cadeia produtiva – dos grandes players aos pequenos produtores”.
Segundo Triboli, a IA já é realidade nas lavouras brasileiras. Sensores inteligentes e drones com algoritmos de machine learning monitoram plantações em tempo real, avaliando variáveis como umidade do solo, saúde das plantas e presença de pragas. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) estima que cerca de 30% das propriedades agrícolas do País já utilizam essas tecnologias, aumentando a produtividade sem a necessidade de expandir áreas cultivadas.
“Para as indústrias, ela também auxilia com a eficácia nas linhas de produção e no varejo alimentar. A inteligência artificial está combatendo um dos maiores desafios do setor: o desperdício, incluindo inteligências que auxiliam a redirecionar alimentos que seriam descartados”, explica o professor.
Além disso, a IA tem acelerado o desenvolvimento de novos produtos alimentícios. É possível utilizar machine learning para testar, de forma rápida e eficiente, centenas de combinações de ingredientes.
Diante desse cenário de inovação, os professores enfatizam a importância da formação de profissionais preparados para atuar em um ambiente cada vez mais tecnológico, destacando a necessidade de atualização das grades curriculares, o fortalecimento de parcerias com a indústria, o estímulo à criatividade, adaptabilidade e, sobretudo, a valorização da interdisciplinaridade, integrando engenharia, tecnologia e inovação.