Bruno Pereira (*)
A microssegmentação é um pilar fundamental da arquitetura de Zero Trust. Ao dividir a rede em microssegmentos altamente isolados, essa abordagem concretiza o princípio central do Zero Trust de ‘nunca confiar, sempre verificar‘.
Cada microssegmento opera sob políticas de acesso rigorosas, exigindo autenticação contínua e autorização para todas as comunicações. Essa granularidade extrema limita significativamente a propagação de ameaças, mesmo que um invasor consiga comprometer um segmento específico, garantindo assim a proteção dos demais ativos da organização.
Ao contrário da segmentação tradicional, que divide a rede em grandes blocos, a microssegmentação oferece uma proteção mais granular, isolando cada aplicação, dado ou carga de trabalho com políticas de segurança personalizadas. Essa abordagem minimiza o impacto de brechas, garantindo a integridade dos dados e a continuidade dos negócios.
Além disso, facilita a implementação de políticas de segurança adaptáveis a cada pedaço. Assim, o método assegura uma camada adicional de proteção, que as soluções de segurança de perímetro padrão, como firewalls, não conseguem por si só proporcionar de maneira tão eficiente.
Um exemplo bem simples: em ambientes de nuvem, onde os endereços IP são frequentemente dinâmicos, a microssegmentação permite um controle mais efetivo sem depender de regras baseadas em IPs fixos.
A combinação de microssegmentação e Zero Trust cria uma defesa multicamadas que ajuda a minimizar os riscos de segurança, implementando uma abordagem Zero Trust ao nível de granularidade necessário para isolar recursos específicos e monitorar rigorosamente o tráfego dentro da rede.
Assim, juntos, esses dois conceitos fornecem uma estrutura robusta para proteger os ativos da organização contra ameaças cibernéticas avançadas.
Como a microssegmentação funciona?
Tradicionalmente, a segurança de rede se baseava em um modelo de perímetro, onde o tráfego era monitorado principalmente entre a rede interna e o exterior. Contudo, com a evolução do ambiente digital e a dispersão dos perímetros físicos, a maior parte do tráfego dentro das redes corporativas ocorre lateralmente, ou seja, entre workloads internos. Para proteger esse tráfego lateral, a microssegmentação isola cada workload e aplica políticas de segurança que definem estritamente como os dados podem ser acessados e transmitidos entre esses segmentos.
O processo geralmente segue três etapas principais:
- Descoberta e visibilidade – O primeiro passo para a microssegmentação é entender o tráfego de rede existente e identificar todos os ativos e workloads. Tal façanha é realizada através de ferramentas de visibilidade que mapeiam o fluxo de dados, identificam dispositivos conectados e monitoram interações entre aplicações. Essa visibilidade granular é vital para determinar quais workloads precisam de proteção adicional e como eles interagem uns com os outros.
- Definição de políticas de segurança – Com uma compreensão clara do tráfego e das interações na rede, os administradores de TI definem políticas de segurança específicas para cada microssegmento. As políticas determinam, por exemplo, quais aplicações podem comunicar-se entre si, quais dados podem ser compartilhados e quais métodos de autenticação são necessários. Em um ambiente Zero Trust, essas políticas são particularmente rígidas, permitindo apenas comunicações absolutamente necessárias e sempre exigindo autenticação.
- Implementação e monitoramento – As políticas de microssegmentação são aplicadas usando uma combinação de software e hardware. Portanto, estão inclusas a utilização de agentes de software que sobrepõem os workloads, controles baseados em rede (como redes definidas por software, switches e balanceadores de carga), ou controles de nuvem integrados fornecidos por serviços de nuvem. Após a implementação, o monitoramento contínuo é fundamental para detectar e responder rapidamente a qualquer atividade suspeita ou violações de política.
Portanto, a microssegmentação é um pilar fundamental da arquitetura de Zero Trust bem como o aumento de segurança na rede, pois ela dificulta o acesso de invasores em ambientes complexos. Ao dividir redes em segmentos menores e mais isolados, as empresas podem mitigar o risco de ataques cibernéticos, melhorar a conformidade e otimizar a gestão das vulnerabilidades.
(*) Business Development Manager na Teletex.