15.6 C
São Paulo
1 de julho de 2025

Como a IA orienta recursos em cidades inteligentes

Diogo Anversa Pereira (*)

As cidades inteligentes são o resultado da convergência entre tecnologia avançada, infraestrutura eficiente e gestão estratégica dos recursos urbanos. Seu objetivo é otimizar serviços e melhorar a qualidade de vida dos cidadãos, integrando soluções digitais que permitem maior controle, monitoramento e adaptação às demandas em tempo real. Nesse contexto, a inteligência artificial desempenha um papel crucial na análise de dados e na tomada de decisão assertiva.

Em um ambiente urbano dinâmico, em que cada escolha impacta milhões de pessoas, a capacidade de tomar decisões ágeis e precisas é fundamental. A gestão de uma cidade envolve variáveis complexas, que vão desde o trânsito até a qualidade da água, passando pela segurança pública e emergências médicas. Tomadas de decisão lentas ou imprecisas podem gerar desperdícios de recursos, afetar serviços essenciais e comprometer a saúde e a segurança dos cidadãos.

A IA fornece algoritmos capazes de analisar grandes volumes de dados em tempo real e sugerir ações com base em padrões identificados. Sensores espalhados pela cidade captam informações sobre infrações de trânsito e mobilidade, tempo médio de resposta da polícia e emergência, índice de resolução de crimes, focos de incêndio, evasão escolar, ocupação hospitalar e diversas outras áreas. Esses dados, quando processados por sistemas inteligentes, permitem decisões eficientes que impactam diretamente o cotidiano dos habitantes.

Um dos exemplos mais notáveis da aplicação da IA em cidades inteligentes é o gerenciamento de transporte público e tráfego urbano. Sistemas baseados em aprendizado de máquina ajustam rotas de ônibus e metrôs conforme padrões de deslocamento, otimizando tempo e reduzindo congestionamentos. Semáforos inteligentes adaptam sua programação de acordo com o fluxo de veículos, evitando retenções desnecessárias e melhorando a mobilidade urbana.

Condições de crescimento

O desenvolvimento de inteligência artificial depende de alguns fatores importantes. Um deles está relacionado ao avanço das redes de banda larga 5G. Em dois anos e meio, o país construiu a maior rede 5G da América Latina, com mais de 96 mil antenas cobrindo 538 cidades. No entanto, esse número também revela que apenas 10% dos municípios brasileiros deram esse passo essencial para a adoção da IA. Se não quisermos ficar para trás em comparação com outros países como a China, a expansão do 5G e, em breve, do 5.5G é essencial, além do investimento em infraestrutura tecnológica, soluções de armazenamento, data lakes e plataformas escaláveis, e claro, em profissionais qualificados em Machine Learning, Engenharia de Dados e Desenvolvimento de Software e outras áreas similares.

Além do transporte, a IA atua na prevenção de desastres naturais e emergências. Sensores ambientais identificam riscos de incêndios, enchentes e outros eventos críticos, acionando alertas automáticos e coordenando respostas rápidas das autoridades. Na segurança pública, câmeras equipadas com reconhecimento facial ajudam na identificação de criminosos, enquanto sistemas preditivos permitem um planejamento mais estratégico das forças policiais.

Recursos essenciais como água e gestão de resíduos também se beneficiam da IA. Os sistemas de distribuição de água identificam os níveis dos reservatórios e a qualidade para otimizar a alocação, enquanto plataformas de gestão de resíduos monitoram a produção de lixo e direcionam a coleta conforme a demanda de cada região.

O impacto da IA na gestão urbana também se estende ao planejamento e à ocupação de espaços críticos, como hospitais e unidades de pronto atendimento (UPA). Plataformas avançadas analisam a demanda por atendimento médico e organizam recursos de forma estratégica, reduzindo filas e melhorando a distribuição de pacientes. Soluções de comunicação visual instantânea garantem a disseminação rápida de informações relevantes para a população, facilitando a tomada de decisão coletiva.

Em um mundo no qual a urbanização cresce exponencialmente, a adoção de tecnologias inteligentes é mais do que um diferencial — é uma necessidade. A IA não apenas acelera decisões, mas transforma a gestão das cidades em um processo eficiente, preditivo e sustentável. Empresas de tecnologia têm um papel fundamental nesse avanço, desenvolvendo soluções que moldarão o futuro das cidades e garantirão uma administração urbana cada vez mais conectada e inteligente.

(*) Engenheiro de Pré-Vendas especialista em Smart Cities na Dahua Technology.