<p>
Por muitos anos os profissionais que trabalham com games sofreram preconceito dos seus colegas e parentes. Eram rotulados como pessoas que queriam vida fácil, diversão o dia inteiro e não ter senso de responsabilidade. Obviamente falo de um estigma da geração que viu seus filhos crescerem grudados em consoles como Nintendo, Master Systen, Mega Drive e Nintendo 64. Meados de 1990, auge dos anos dourados da indústria do videogame (old school).<br />
<br />
A conversa retratada acima mostra esse choque de culturas, que muitos de nós da indústria do entretenimento digital passamos em algum momento. Seja com seus pais, parceiros ou amigos, mais cedo ou mais tarde um olhar desconfiado, uma frase solta com ironia ou mesmo um deboche fazia parte da vida desses profissionais.<br />
<br />
Infelizmente é uma situação normal e já esperada de acontecer, afinal romper paradigmas, ainda mais associados ao dinheiro e subsistência, são difíceis.<br />
<br />
Com o passar dos anos e com o amadurecimento da indústria, ainda mais com o advento da internet, novos consoles, webgames e afins, o termo "game" ficou mais presente na vida das pessoas. Aquelas crianças da década de 80 hoje beiram os 30 e poucos anos, muitas seguiram profissões tradicionais, mas alguns mantiveram-se fiéis ao seu sonho e seguiram para profissões relacionadas ao entretenimento, seja cinema, animação, computação gráfica ou produção de games.<br />
<br />
Fato é que a movimentação global do faturamento em games é superior ao do cinema. Falamos de mercados ricos como a Ásia e os EUA. A primeira é o grande centro dos jogos multi-jogadores online, ou Massive Multiplayer Online Game (MMORG). De lá importamos sucessos como Ragnarök e Prinston Tale, MMORGs com perfil fantasioso e que arrastam milhões de jogadores ao redor do mundo. Obviamente nenhum bate o sucesso do World of Warcraft, um sucesso global e fonte de muito estudo acadêmico.<br />
<br />
Outras vertentes da indústria seguem, como os jogos para console e PC. Desde super produções que levam 2 ou 3 anos de trabalho e milhões de dólares de investimento, até jogos simples e casuais ou educativos, como os trabalhados pelo Bordergames (<a href="http://guilher.me/games/bordergames-sp-fazendo-game-com-a-fronteira-social/">http://guilher.me/games/bordergames-sp-fazendo-game-com-a-fronteira-social/</a>) com comunidades carentes, um projeto que ensina o grupo de crianças a criar e desenvolver jogos 3D para console desde o roteiro até a programação.<br />
<br />
Para ser um desenvolvedor de jogos educativos, o estúdio necessita de pedadogos, profissionais de design instrucional e especialistas nas áreas que o game aborda. <br />
<br />
Jogos Casuais, ou Casual Games, tem um público crescente e interessante. Geralmente jogos de tabuleiro ou com ação limitada, porém extremamente divertidos. Encontramos esses jogos nos Webgames, jogos para celular ou mesmo para consoles portáteis como Sony PSP ou Nintendo DS.<br />
<br />
Por último mas não menos interessante temos os advergames, jogos casuais com perfil publicitário, inserindo de forma divertida e persistente a marca do anunciante. Esses jogos são muito comuns na internet ou em distribuição gratuita em mini CDs.<br />
<br />
Claro que as subdivisões dos games são inúmeras, porém o núcleo de produção é sempre o mesmo: o diretor ou produtor, a equipe criativa que consta de roteiristas, game designers (ou arquitetos de jogos), artistas 2D e 3D, músicos, diretores de arte e fotografia, e a equipe de desenvolvimento, com programadores, especialistas em banco de dados e integração de sistemas. No Brasil existem alguns cursos de graduação e pós-graduação em Jogos Digitais, porém todos são focados na carreira técnica ou produção.<br />
<br />
A indústria carece de profissionais especializados, principalmente aqueles que irão trabalhar na criação do jogo. Muitas vezes <span style="font-size: 7.5pt; font-family: Verdana">aficionados </span>por games, publicitários ou jornalistas assumem o papel do criador de games, adaptando seu conhecimento acadêmico à essa área. A produção em si não possui muitos segredos, a não ser algumas particularidades para produzir melhor e mais rapidamente. Na linguagem de programação, regras de ação/reação entre objetos, leis da física, colisões e inteligência artificial são itens que fazem parte do dia-a-dia do programador. A técnica é um pouco diferente do desenvolvimento de um sistema corporativo ou um sistema web, porém a sintaxe é muito parecida.<br />
<br />
Aos artistas, tanto visuais quanto sonoros, não existe segredo, a não ser muito estudo de caso para melhor ambientar o jogador. Um visual ou trilha sonora deve emocionar o jogador, da mesma forma que um filme muitas vezes o faz. Geralmente profissionais de rádio, TV e Cinema entram nesse momento, principalmente o Diretor de Arte.<br />
<br />
Obviamente um jogo não vai ao mercado sem passar pelas etapas que qualquer software necessita, como testes e homologação. Teste de jogabilidade, testes de integração, testes de usabilidade e muito mais são aplicados incansavelmente para garantir a qualidade final do produto.<br />
<br />
Orquestrando tudo isso está o produtor, o Diretor do jogo. O profissional que tem a visão geral de ponta-a-ponta, atuando com os profissionais de todas as áreas, gerenciando escopo, cronograma, orçamentos, entregas e até a publicidade envolvida na divulgação.<br />
<br />
Criar um novo jogo é muito divertido e trabalhoso, complexo. Mas com a equipe ideal, o trabalho flui e o resultado final na tela da televisão com algumas pessoas se divertindo vale qualquer esforço. <br />
<br />
(*) Consultor de Inovação e TI do IG, Produtor e Desenvolvedor de Games e Aplicações Móveis da 8D, e professor da PUC-SP e Unipalmares.
</p>
<p>
</p>
<p>
</p>