16.8 C
São Paulo
15 de outubro de 2024

Implementação da IoT exige interoperabilidade, segurança e padronização

<p>Sob a mediação de Lucas Pinz, diretor de Strategy, Innovation and New Business Development da Energisa, que abriu o seminário destacando o pioneirismo do Brasil no desenvolvimento do Plano Nacional de Internet das Coisas, com desdobramentos em políticas públicas para fomentar o uso do IoT e com resultados positivos, a partir da criação de um ecossistema de inovação, com tecnologias que têm gerado impactos efetivos na indústria brasileira. Representantes de alguns setores, que têm trabalhado e investido forte nesse relevante tema, deram luz aos desafios enfrentados por eles, como Nuno Saraiva, GVP Global Service Provider Sales Consulting da Oracle; Tiago Barros, engenheiro-chefe de IoT do Centro de Estudos e Sistemas Avançados de Recife (C.E.S.A.R); Zaima Milazzo, presidente da Brain Algar Telecom; e Lucio Oliveira, CIO da Comgás.</p>
<p>O CESAR reúne um importante grupo de pesquisa sobre IoT para impulsionar negócios na área. “Trata-se de uma coleta dados por meio de sensores conectados via Internet para criar soluções que consigam fazer com que os computadores entendam e tomem decisões sobre esses dados”, explica Tiago Barros. Essa é a definição mais conceitual de uma atividade complexa de uma solução de IoT, envolvendo diversas áreas da computação para o desenvolvimento de aplicações em várias plataformas. E para mitigar essa complexidade, as empresas estão construindo soluções e infraestrutura de hardware e software que permitem algumas implementações de IoT. Segundo Barros, há um estudo recente da IoT Analytics que aponta que há mais de 620 plataformas de IoT. “Aí entra um outro desafio. Como fazer com que soluções criadas sobre uma determinada plataforma, conversem, troquem dados, interajam e aproveitem os dados coletados em outros modelos?”.</p>
<p>Nesse sentido, o CESAR tem trabalhado nos últimos 5 anos para pesquisar os níveis de interoperabilidade a fim de construir infraestrutura que permita e facilite esse movimento. O Centro participa de fóruns de padronização do IoT e integra a Comissão Brasileira de Comunicações, coordenada pela Anatel, e atua na recomendação de padronizações do ITU-T, setor de normatização da União Internacional de Telecomunicações, comitê especializado em telecomunicações da ONU. Em 2019, o Brasil já teve uma de suas recomendações de padronização aprovada pelo ITU-T.</p>
<p>Nuno Saraiva, da Oracle, que atua na Unidade de Negócios mais focada em telecomunicações, destaca que a IoT tem uma participação muito grande e que a companhia já está em processo de rollout com o 5G em vários países. A Oracle tem muito foco em plataformas IoT, cloud e integração com várias tecnologias de acesso a esses dispositivos, portanto, o executivo considera extremamente relevante ter uma padronização. “Um dos aspectos críticos para nós, derivado da massificação dos dados, é como podemos utilizar tecnologias em cloud que permitam automatizar e trazer inteligência artificial para gerir toda a informação massiva de IoT e que possamos agregar valor ao que fazemos, da maneira mais eficiente do ponto de vista do custo. Afinal, IoT é um negócio de volumes, mas muito estreito em margem financeira”, ressalta Saraiva.</p>
<p>A conectividade é a base de todo o crescimento e é o que alimenta esse ecossistema. É o que afirma Zaima Milazzo, presidente da Brain Algar Telecom. A companhia aposta na evolução da conexão móvel do 5G em larga escala. Enxerga com boas perspectivas as ações do Plano Nacional de IoT, onde o Brasil está em um patamar acima de outros países da América Latina. “Há fortes iniciativas, temos aspirações e metas, mas ainda não estamos maduros e não conseguimos avançar”. O leilão 5G precisa acontecer. Os editais estão atrasados. “É fundamental definir o tipo de tributação para projetos dessa natureza, é necessário haver desoneração, não podemos ter a mesma taxação como é em telecom. Temos de ter tributos adequados”, comenta Zaima, que entende que há dores importantes a serem atacadas para o País poder avançar e ganhar maturidade. A executiva defende também a criação de plataformas que permitam interoperabilidade. E assim será possível contar com habilitadores para aplicações de baixa latência para uso de drones, por exemplo, ou para resolver questões de missão crítica em transportes, melhorando a qualidade de vida para todos.</p>
<p>A experiência da Comgás com aplicação de IoT tem se ampliado. Mas ainda requer avanços no País sobre o tema para continuar o que já está em curso. “Temos hoje um programa de transformação, com um processo de sensorização no campo, a partir de um conjunto de soluções que gera informações o tempo todo, em relação à distribuição e consumo de gás. É a IoT viabiliza a estratificação dos dados para que possamos conhecer melhor os nossos clientes, onde eles estão localizados, em que rede estamos, como se dá essa diferenciação, para termos um crescimento urbano planejado. Vivemos hoje essa jornada de transformação em relação ao uso de dados com a sensorização de campo, com boa parte de nosso parque sensorizado, mas ainda não é real time. No entanto, já temos como saber informações gerais, conhecimento do cliente e ter uma operação mais enxuta e eficiente para a distribuição do gás”.</p>
<p>É preciso estabelecer um ecossistema de interoperabilidade, com padronização e segurança, e, desta forma, garantir escala e mobilidade.</p>