15.2 C
São Paulo
26 de setembro de 2025

Um debate necessário sobre a Internet das Coisas

<p> </p>
<p>Atualmente, é possível distinguir dois blocos de pensamento sobre a Internet das Coisas. O primeiro é um quadro reativo em que ela é vista como uma camada de conectividade digital em cima da infraestrutura existente e os objetos. Esta corrente a enxerga como um conjunto gerenciável de desenvolvimentos convergentes em infraestrutura, serviços, aplicações e ferramentas de governança.</p>
<p>Nessa perspectiva, a Internet das Coisas seria uma espécie de evolução natural de um mundo cada vez mais interconectado. Sua casa será inteligente, assim como seus eletrodomésticos e o seu automóvel. As cidades serão inteligentes e o morador dela perderá menos tempo no trânsito e terá maior acessibilidade, usufrindo com segurança dos benefícios da plena cidadania. Todos gostariam de viver em uma cidade assim, mas quais são os candidatos a prefeito já atentos para a necessidade de garantir essa inteligência estrutural para a sua cidade?</p>
<p>Já o segundo bloco de visionários da Internet das Coisas traça uma perspectiva proativa de ideias e de pensamentos e a vê como uma convergência de possibilidades tão perturbadora que seria incontrolável com ferramentas atuais.</p>
<p>Neste mundo, você não está sozinho, não importa onde você esteja. Nele, tudo pode ser acessado tanto analógica quanto digitalmente, desde que possua uma “etiqueta” apropriada. Para imaginar esse mundo é preciso não apenas repensar a forma como nos relacionamos com os objetos, mas os próprios objetos. Você será capaz de detectar e conectar qualquer objeto etiquetado e também poderá ser detectado, lido e reconhecido por outros objetos, pessoas, redes e sistemas nas proximidades. Alguns especialistas projetam impactos ainda mais profundos, possibilitando a criação de uma moeda inteligente que propicie e, ao mesmo tempo, negocie automaticamente a melhor oportunidade de negócio em qualquer parte do globo. Quem sabe?</p>
<p><span style="font-size: 12.1599998474121px; line-height: 1.3em;">Por outro lado, há necessidade de regulação da forma como os dados serão compartilhados por objetos na Internet das Coisas? E a segurança das relações entre pessoas, objetos e nuvens? As vulnerabilidades estão mapeadas e sob controle? Existem planos de contingência adequados? Como as empresas e organizações poderão se prevenir e garantir algum tipo de imunidade contra novos riscos?</span></p>
<p>Acredito que existam organizações preocupadas com essas e outras questões similares, que já perceberam que as implicações não se restringem aos aspectos relativos à economia, à política e às questões culturais e sociais. As possibilidades são múltiplas. Para o bem e para o mal. Há o risco da perda completa da privacidade das pessoas, das organizações e do próprio governo. A segurança no mundo da Internet das Coisas precisa ser debatida à exaustão. A ausência brasileira neste debate poderá nos custar muito caro.</p>
<p><span style="font-size: 12.1599998474121px; line-height: 15.8079996109009px;">(*) Vice-presidente executivo da Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro (Softex)</span><span style="font-size: 12.1599998474121px; line-height: 1.3em;"><br /></span></p>