</p>
<p>No entanto, o service desk (incluindo pessoas, processos e tecnologias envolvidos) ainda é visto como custo e não investimento no relacionamento com o colaborador. O modelo tradicional é composto pela sequência: usuário faz uma ligação pelo telefone, relata o ocorrido, o técnico analisa e se dirige ao local para realizar o reparo. Isso gera um alto custo para a empresa, é improdutivo para o técnico e lento para o cliente.</p>
<p>Um estudo da HDI nos Estados Unidos apontou que o custo médio por incidente e suporte chega a US$ 30. A presença de um técnico em campo, já por telefone fica em US$ 20. O suporte via autoatendimento custa US$ 7, uma economia de quase 65% para o telefone e 76% para a ida do especialista ao local. Ou seja, além de um ganho imenso em tempo de atendimento, os custos também são bem inferiores, se comparado à abordagem do telefone.</p>
<p>Em um primeiro momento, ferramentas de controle ou acesso remoto foram adotadas. Assim, o atendimento a incidentes simples e pequenas solicitações, que muitas vezes representa a maior parcela do serviço prestado, pode ser feito rapidamente, sem deslocamento e com menor esforço. No entanto, se analisarmos sob um ponto de vista de custo e não volumetria, as solicitações mais complexas ainda são atendidas com uma grande parcela de intervenção manual.</p>
<p>Com o passar dos anos e os avanços tecnológicos, novas ferramentas de abertura de solicitações online e as soluções de autoatendimento foram surgindo, onde o próprio usuário relata o problema e encontra a solução. Segundo a pesquisa Melhores Práticas 2010/2011 do HDI Brasil, as ferramentas de autoatendimento tiveram um crescimento de 5%. Esse número deve ainda crescer nos próximos anos. Guiado pela cultura do acesso e da autossuficiência, o autoatendimento é a ferramenta que mais se adequa ao dinamismo das novas gerações que vão se estabilizando e tomando conta de grandes posições em diversos setores da economia.</p>
<p>Por outro lado, uma estimativa feita entre grandes empresas mostrou que até 15% das solicitações em um Service Desk se referem somente ao desbloqueio de senhas. Esse é um problema simples, que é mais fácil ser solucionado pelo autoatendimento, bastando o usuário confirmar algumas informações e gerar uma nova senha de acesso. É um exemplo onde o autosserviço, além de reduzir custos, garante a disponibilidade do atendimento mesmo fora do horário de trabalho.</p>
<p>A simples publicação de uma relação de serviços em sua intranet não é o caminho. É necessário organizar a casa antes de anunciar o autoatendimento. O passo inicial é estruturar um catálogo, baseado em um portifólio de serviços já estruturado. Em outras palavras, você precisa seguir alguns passos importantes:</p>
<p>- levantar quais são os serviços básicos executados pela organização, estes serviços muitas vezes não são ainda aqueles prestados diretamente para os clientes internos (por exemplo, a criação de um usuário na rede)</p>
<p>- estruturar aqueles serviços que serão ofertados, que muitas vezes são composições de serviços do portifólio. Por exemplo, o simples cadastramento de um novo usuário no AD não é o suficiente para torná-lo produtivo, é ainda necessário inclui-lo nos grupos e perfis apropriados, cadastrá-lo nas aplicações corporativas: ERP, CRM, RH</p>
<p>- orientar as ofertas dos serviços conforme o perfil dos solicitantes, cargo, localização física etc. Não adianta publicar um cardápio de solicitações de novos equipamentos, se apenas os gerentes com uma graduação mínima podem fazê-lo.</p>
<p>- embora muitas organizações ainda não tenham políticas de charge-back (cobrança interna dos serviços), ou mesmo o estabelecimento de SLA’s para os serviços mais complexos, o catálogo de serviços é um meio de conscientização dos custos e esforços envolvidos em uma simples solicitação. Não é obrigação de um solicitante da contabilidade entender que incluir um novo funcionário é um processo que envolve áreas diferentes da administração de rede, segurança lógica e sistemas corporativos.</p>
<p>Quando houver necessidade de aprovações por gerentes ou diretores, indicar os envolvidos também pode ser muito esclarecedor para o seu cliente interno.</p>
<p> A tabela abaixo mostra a relação entre portfólio e catálogo de serviços:</p>
<p> </p>
<div align=”center”>
<table border=”0″ cellpadding=”0″ cellspacing=”0″>
<tbody>
<tr>
<td valign=”top” width=”288″>
<p><strong>Portfólio</strong></p>
</td>
<td valign=”top” width=”288″>
<p>Catálogo</p>
</td>
</tr>
<tr>
<td valign=”top” width=”288″>
<p>Criação de um usuário no AD</p>
</td>
<td rowspan=”5″ valign=”top” width=”288″>
<p> </p>
<p> </p>
<p>Cadastrar novo colaborador</p>
</td>
</tr>
<tr>
<td valign=”top” width=”288″>
<p>Conceder acessos a um usuário</p>
</td>
</tr>
<tr>
<td valign=”top” width=”288″>
<p>Criação de nova caixa postal</p>
</td>
</tr>
<tr>
<td valign=”top” width=”288″>
<p>Inclusão em lista de distribuição</p>
</td>
</tr>
<tr>
<td valign=”top” width=”288″>
<p>Criação de usuário na Aplicação X, Y, Z</p>
</td>
</tr>
<tr>
<td valign=”top” width=”288″>
<p>Remover acessos atuais no AD</p>
<p>Conceder novos acessos no AD</p>
</td>
<td rowspan=”3″ valign=”top” width=”288″>
<p> </p>
<p> </p>
<p>Mover colaborador de Departamento</p>
</td>
</tr>
<tr>
<td valign=”top” width=”288″>
<p>Remover de Lista de Distribuição</p>
<p>Incluir em Lista de Distribuição</p>
</td>
</tr>
<tr>
<td valign=”top” width=”288″>
<p>Remover de Lista de Distribuição</p>
<p>Incluir em Lista de Distribuição</p>
</td>
</tr>
<tr>
<td valign=”top” width=”288″>
<p>Bloquear usuário no AD</p>
</td>
<td rowspan=”3″ valign=”top” width=”288″>
<p><br />Bloquear Acessos Temporariamente</p>
</td>
</tr>
<tr>
<td valign=”top” width=”288″>
<p>Bloquear acesso ao email</p>
</td>
</tr>
<tr>
<td valign=”top” width=”288″>
<p>Bloquear acesso aos sistemas X, Y, Z</p>
</td>
</tr>
</tbody>
</table>
</div>
<p> </p>
<p>Os desafios aqui não se restringem a um trabalho de estruturação, mas integrar e coordenar áreas internas diferentes que muitas vezes têm motivações e prioridades contrastantes umas das outras.</p>
<p>Uma vez estruturada, a publicação de um catálogo de serviços em um portal é apenas parte do caminho da criação de meios para o autoatendimento. É necessário ter ferramentas de fácil publicação, integração com demais sistemas corporativos e, fundamentalmente, automação das solicitações, muitas vezes através de um mecanismo de provisionamento em TI.</p>
<p>Os caminhos estão claros, agora cabe a TI estabelecer um novo hábito de autoatendimento. Uma importante missão é treinar e conscientizar usuários da prática que já mudou radicalmente a relação das instituições financeiras com seus correntistas (ou você ainda vai pagar suas contas de luz na boca do caixa de sua agência). O canal do telefone ainda deve existir conectando o service-desk aqueles pontos que são realmente críticos.</p>
<p>A automação do atendimento e o provisionamento são meios fundamentais para deixar os profissionais de TI direcionados a aquilo que realmente importa: entender o negócio da sua corporação.</p>
<p>* <i>Marcio Vinholes Ferreira é diretor da Automidia, empresa especializada no desenvolvimento de softwares para gerenciamento de TI.</i></p>