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16 de outubro de 2025

Inteligência Artificial como força transversal na saúde, cidades e formação profissional

Tema foi debatido no ABES Summit 2025, que aconteceu no dia 08 de outubro no JW Marriott, em São Paulo.

A inteligência artificial, quando aplicada com responsabilidade, pode ser uma aliada poderosa na construção de cidades mais inteligentes, sistemas de saúde mais eficientes e políticas públicas mais inclusivas.

O desafio, segundo os participantes do último painel do ABES Summit 2025, intitulado “A IA como Força Transversal dos Negócios”, reforçou que, está em garantir que essa transformação seja acessível, ética e sustentada por profissionais preparados para liderar o futuro digital do Brasil. A moderação ficou por conta de Jamile Sabatini Marques, Diretora de Inovação e Fomento da ABES e pesquisadora da USP, que também lidera o Think Tank ABES – Centro de Inteligência, Políticas Públicas e Inovação.

Abrindo o debate, Paula Faria, CEO da NECTA e idealizadora do P3C e do Connected Smart Cities, destacou que a IA vai muito além da tecnologia: “A gente faz parte do dia a dia das cidades, e isso traz o que pregamos: gestão pública baseada em evidências. Os dados e a inteligência artificial têm potencial para transformar áreas como mobilidade urbana e saúde, mas só fazem sentido quando estão a serviço da população.” Segundo Paula, a inclusão é um ponto central na aplicação da IA em ambientes urbanos. “Não adianta falar de tecnologia se ela não for acessível. A cidade só é verdadeiramente inteligente quando a tecnologia chega para todos”, afirmou. Ela também ressaltou a importância de ampliar o debate sobre os diversos serviços que já operam com IA e de garantir que essa transformação seja conduzida com propósito.

Na sequência, Ana Estela Haddad, Secretária de Informação e Saúde Digital do governo federal, trouxe a perspectiva da saúde pública. Ela explicou que, desde 2023, o Ministério da Saúde criou uma secretaria específica para conduzir a transformação digital do setor. “Esse é um movimento de todo o governo. Temos articulações em várias pastas e um comitê na Casa Civil para pensar essa integração. O objetivo é fortalecer os princípios do SUS, como universalidade e equidade no acesso”, disse. Ana Estela também destacou o papel dos dados na tomada de decisão, especialmente após a pandemia. “Hoje, conseguimos prever emergências sanitárias e personalizar o atendimento clínico com base em dados populacionais e genômicos.

Ela contou que a Rede Nacional de Dados em Saúde cresceu mais de 300% nos últimos dois anos e já conta com mais de 3,1 bilhões de registros. Isso nos coloca em outro patamar de gestão e inovação.

Complementando o painel, Vinicius Marchese Marinelli, presidente do CONFEA, abordou a importância da formação de talentos para sustentar essa transformação. “Temos um ecossistema com muitas interfaces, e a engenharia está no centro disso. Mas enfrentamos um problema sério: a baixa procura de jovens por cursos de engenharia. Precisamos atrair essa geração que nasceu com a tecnologia para o serviço público, que será o mais impactado pela falta de profissionais qualificados”, alertou. Vinicius defendeu que o país precisa tratar a formação de talentos como política de Estado. “Portugal já percebeu isso e está mudando a curva. O Brasil precisa fazer o mesmo. Se não observarmos isso agora, daqui a 20 ou 30 anos teremos um problema grave. A inteligência artificial é uma ferramenta poderosa, mas só entregará resultados reais se houver capital humano preparado para usá-la”.