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16 de outubro de 2025

Estudo mostra IA consolidada e professor insubstituível

Associação Católica divulga pesquisa que mostra IA como caminho sem volta, mas dependente do fator humano e do apoio que só os professores conseguem suprir

Docentes continuam insubstituíveis diante dos desafios digitais e da Inteligência Artificial (IA) consolidada nas escolas particulares. Esta é a conclusão da Associação Nacional de Educação Católica do Brasil (Anec) que divulga às vésperas do Dia do Professor, 15, a pesquisa Relação professor-aluno na era digital e da Inteligência Artificial.

Os dados foram coletados e consolidados entre o final de setembro e o início de outubro. Os focos: educação básica – ensino fundamental (86,8%) e ensino médio (82,4%).

Concentrada em 91 escolas afiliadas à Anec – 7,6% das 1.200 distribuídas em 900 municípios de todo o território nacional – a pesquisa aponta que 78,1% dessas instituições de ensino já utilizam a IA em processos pedagógicos e administrativos ou estão em fase de testes.

Para a diretora-presidente da Anec, a irmã Iraní Rupolo, a pesquisa buscou compreender como a inteligência artificial e as tecnologias digitais estão transformando as relações humanas dentro da escola. “Nosso propósito é apoiar gestores e professores a equilibrar inovação e vínculo, garantindo que a tecnologia seja uma aliada do processo educativo e não um substituto das relações humanas que formam o estudante integralmente”, ressalta.

Caminho sem volta

Com o professor insubstituível, outra conclusão do estudo deixa claro que a IA nos estabelecimentos de ensino é um caminho do qual é impossível fugir.

A pesquisa indica que 65,9% das instituições veem o impacto da tecnologia como positivo ou muito positivo. Nela, ferramentas digitais são vistas como instrumentos de transformação da relação professor-aluno.

Os desafios não são técnicos, mas humanos. Os principais obstáculos identificados são o uso inadequado ou não pedagógico das tecnologias (58,2%) e a distração dos alunos (54,9%).

Estes fatores indicam que a dificuldade está em gerenciar o foco e a intencionalidade do uso da tecnologia. O uso sem controle pode levar à “perda de interesse nas aulas, da memória de médio e longo prazo”.

No trabalho da Anec, educadores relatam que alunos recorrem a recursos digitais em vez de interações. Um depoimento observa que “os alunos confiam muito nas tecnologias e esperam que elas ofereçam todas as respostas, sem se preocupar em desenvolver habilidades essenciais para resolução de problemas. Logo não veem no professor alguém importante no seu processo de formação e desenvolvimento”.

Desafios

Outro ponto identificado é que aspectos ligados à atenção e ao acolhimento são prejudicados, com “dificuldade com a escuta ativa”.

No geral, as instituições respondem com ações focadas no elemento humano e na mediação pedagógica para fortalecer a relação professor-aluno. São Projetos interdisciplinares e colaborativos (49,5%); Formação continuada com foco em vínculos humanos (28,6%) e Espaços de escuta e acolhimento (19,8%).

A Anec ainda identificou que 70,4% das instituições oferecem formação sobre tecnologias digitais e IA. Desse total, 20,9% o fazem de forma contínua, com 17,6% planejando essa oferta.

“O verdadeiro desafio não é apenas incorporar a IA como recurso, mas repensar radicalmente a configuração escolar. A escola precisa decidir se terá coragem de transformar a IA em oportunidade para reimaginar a educação, enfrentando as tensões que ela impõe e assumindo o compromisso de formar sujeitos críticos, criativos e plenamente humanos”, defende um professor entrevistado na pesquisa.

O paradoxo

A pesquisa da Anec aponta o que chama de “Paradoxo da Educação 5.0”: a tecnologia auxilia o ensino, mas não substitui o professor. Assim, resultados ocorrem quando a IA e ferramentas digitais são usadas de forma planejada, intencional e mediada, equilibrando inovação e interação humana.

Outro depoimento afirma na pesquisa que “o vínculo professor-aluno se fortalece quando as ferramentas digitais são utilizadas para promover diálogo, acompanhamento individualizado e feedbacks mais ágeis”.

Nas considerações finais, a Anec entende que “o cenário que emerge é de evolução: as escolas adotam tecnologia, e caminham para uma integração mais humana, reflexiva e estratégica”. A IA se apresenta como oportunidade para reinventar práticas, fortalecer vínculos e desenvolver sujeitos. Neste cenário, o professor mantém o papel central. Não como mero transmissor de conteúdo, mas como mediador da experiência formativa.

A amostra da Relação professor-aluno na era digital e da Inteligência Artificial. concentrou 57,1% das respostas na região Sudeste; 18,7%, Sul; 14,3%, Centro-Oeste; 9,9, Nordeste e 11%, Norte. Ao todo, a Anec consolida 1,5 milhão de alunos, representando mais de 1.200 escolas e 81 instituições de ensino superior.

Fonte:  Extra Classe.