<p>Com o avanço da inteligência artificial, o que tem está causando maior apreensão é que não são apenas as posições de baixa remuneração e conhecimento que estão ameaçadas. Advogados que fazem processos repetitivos e lógicos são facilmente substituídos por robôs, além da detecção de câncer ser mais eficaz em softwares do que por meio das análises de médicos.</p>
<p>Há, no entanto, um lado positivo. Embora a tecnologia seja frequentemente pintada em preto e branco, mostrando um futuro sombrio de perda de empregos por meio da automação, se ela for adotada de forma estratégica, é possível automatizar trabalhos perigosos e ajudar a avaliar e mitigar os riscos, procedimentos que são especialmente caros em um ambiente onde aspectos de governança Ambiental, Social e Corporativo, ou seja, o ESG, estão ganhando relevância em diferentes setores.</p>
<p>Na engenharia, a melhor estratégia é a busca da cooperação entre humanos e máquinas. Arrisco dizer que neste setor entendo que não serão as máquinas que vão a substituir os engenheiros, mas os engenheiros que usam tecnologia que vão substituir os que não a usam. E, neste cenário, aqueles que souberem lidar com as inovações que estão se tornando uma tendência cada vez mais presente nas rotinas garantirão um lugar no mercado.</p>
<p>O uso de sistemas colaborativos, de modelos virtuais, como o BIM (do inglês modelagem de informações da construção civil), assim como as realidades virtual e aumentada são tecnologias cada vez mais presente no segmento de engenharia que demandará capacitação para o uso.</p>
<p>Apenas para citar sobre as aplicações BIM, já temos casos reais, como o uso de estações robóticas para a locação e o controle de qualidade, assim como máquinas de terraplenagem sendo operadas de forma autônoma, além de diversos sistemas que funcionam como RPA (Robot Process Automation).</p>
<p>Os profissionais deste setor precisam, de imediato, colocar na sua agenda de aprimoramento a busca pela habilitação em ferramentas que vieram para ficar e, assim como em outros setores, estão sendo impulsionadas pela nova cultura da transformação digital, principalmente após o impacto da pandemia, que sintetizou, de forma mais incisiva, uma inovação que de fato veio para ficar.</p>
<p><em>(*) Engenheiro civil formado pela Escola Politécnica da USP, presidente do Construtivo, empresa de tecnologia, e membro da ADN (Autodesk Development Network) e do RICS (Royal Institution of Chartered Surveyours).</em></p>