Filipe Cotait (*)
Se antes a inteligência artificial era um diferencial competitivo reservado a poucos, hoje ela se tornou o centro das estratégias das empresas que querem crescer com relevância e sustentabilidade. No entanto, a jornada para capturar o real valor dessa tecnologia continua sendo desafiadora.
Segundo o mais recente estudo do MIT, The GenAI Divide: State of AI in Business 2025, apenas 5% dos projetos de IA generativa conseguem acelerar o crescimento da receita das organizações. Os outros 95% falham em demonstrar impacto direto. A pergunta, então, deixa de ser “se” a IA é o caminho — e passa a ser como torná-la eficaz no contexto do negócio.
A hiperpersonalização, hoje, não é mais uma ambição de longo prazo. Ela já acontece. Casos de empresas como o da VR, com o projeto Recomenda, ou da Porto, com iniciativas premiadas de marketing analytics, mostram que, com uma arquitetura de dados robusta, governança adequada e tecnologias como machine learning e automação, é possível construir experiências relevantes, escaláveis e com retorno sobre investimento.
Dados de mercado reforçam essa tendência. De acordo com o Gartner, até 2026, mais de 80% das empresas que investirem em arquiteturas de dados modernizadas e integradas terão desempenho superior à concorrência em termos de crescimento e lucratividade.
Já a IDC aponta que os investimentos globais em inteligência artificial devem ultrapassar US$ 500 bilhões até 2027, sendo que as áreas mais impactadas incluem serviços financeiros, varejo, saúde e manufatura.
Esses números evidenciam uma mudança estrutural: empresas que estão colhendo os frutos da IA são aquelas que tratam dados como ativos estratégicos, que integram suas iniciativas de tecnologia às decisões de negócio e que colocam o cliente no centro.
Na Livelo, por exemplo, a estruturação de uma base integrada de dados permite não só entender o perfil dos usuários, mas oferecer produtos personalizados com precisão. Já na Vivo, a IA está presente desde o desenvolvimento de soluções até o atendimento ao cliente. Essas aplicações mostram que, para destravar o valor da IA, não basta implementar tecnologia: é preciso uma mudança de mentalidade.
Envolve TI, marketing, operações, compliance, pessoas. Exige liderança engajada, cultura voltada à experimentação, clareza nos objetivos e, acima de tudo, foco na execução.
O hype já passou. Agora é hora de mostrar resultado.
(*) CEO da Stefanini Data & Analytics.