Alerta foi dado durante o ABES Summit 2025, que aconteceu no dia 08 de outubro no JW Marriott, em São Paulo
Durante o painel Brasil 2030: Protagonismo no tabuleiro tecnológico global, no ABES Summit 2025, especialistas discutiram como o Brasil pode assumir um papel de liderança na nova ordem digital e verde. Com matriz energética limpa e posição geopolítica estratégica, o país tem potencial para se tornar um hub neutro de inovação, atraindo investimentos em inteligência artificial, data centers e energias renováveis. Moderado por Andriei Gutierrez, presidente da ABES, o painel destacou a importância de políticas públicas consistentes, formação de talentos e continuidade de programas como o Redata para garantir competitividade.
Camila Ramos, CEO do CELA, apontou que o setor de data centers foi o que mais contratou energia de longo prazo em 2024, evidenciando seu crescimento. Ela alertou para o risco de mudanças regulatórias e defendeu a continuidade do Redata: “Estamos diante de uma oportunidade única, mas precisamos garantir estabilidade regulatória e infraestrutura adequada.”
Já Ricardo Sennes, da Prospectiva, reforçou que o Brasil já possui massa crítica e instrumentos públicos, mas carece de coordenação estratégica. “O setor precisa de uma estratégia de advocacy estruturada, que dialogue com a estratégia nacional.”, reforçou.
Segundo Igor Nazareth, da EMBRAPII, o país tem recursos e políticas industriais robustas, com investimentos significativos em inovação: “O que precisamos agora é acelerar essa agenda e garantir que o Brasil aproveite esse momento para ganhar competitividade.”
Cibersegurança em Debate: especialistas defendem nova abordagem estratégica para o Brasil
Durante o painel Cibersegurança em Debate: Do Firewall à Resiliência Digital, especialistas discutiram como o Brasil pode transformar a segurança digital em uma política pública essencial e prioridade corporativa. A proposta é clara: deixar de tratar cibersegurança como uma camada técnica e passar a encará-la como infraestrutura estratégica nacional.
“A segurança deixa de ser a proteção do firewall ou do antivírus para se tornar uma tomada de decisão empresarial ou governamental de estratégia.”, afirmou Flávia Brito, diretora estatutária da ABES e CEO da Bidweb. Andrea Thomé, Head do Conselho da WOMCY, reforçou que os ataques cibernéticos estão cada vez mais sofisticados e coordenados, exigindo uma resposta coletiva: “Os atacantes colaboram entre si, e nós precisamos fazer o mesmo. A segurança cibernética não é mais apenas uma questão técnica — é uma questão estratégica de governança”. Ela alertou para os riscos na cadeia de fornecimento, onde pequenos fornecedores não regulados podem ser porta de entrada para ataques a grandes instituições. Andrea também citou iniciativas como o Guardião Cibernético, liderado pelo Exército, como um passo importante, mas insuficiente diante da complexidade atual.
Para Claudio Martinelli, diretor-executivo da Kaspersky para a América Latina, é importante uma abordagem sistêmica, baseada em quatro pilares: educação, inteligência, soluções adequadas e colaboração. “Segurança digital começa com educação. Não adianta investir em firewalls se o usuário continua usando senhas como ‘123456!’. Precisamos de inteligência compartilhada, soluções adaptadas à realidade de cada organização e colaboração entre todos os setores — porque o criminoso digital já opera em rede.” E Georgia Barbosa, gestora do CISSA no CESAR, trouxe ao debate o papel estratégico da pesquisa na construção da resiliência digital. Segundo ela, “Se não investirmos em pesquisa, estaremos sempre um passo atrás. Ela precisa ser tropicalizada, conectada com a nossa realidade, e pensada como instrumento de soberania digital.”
Caio Lima, advogado especialista em cibersegurança e professor da Poli-USP, destacou que a LGPD é um direito fundamental e que a segurança da informação deve ser tratada com seriedade e proatividade: “Não basta ter qualquer segurança da informação. É preciso adotar a melhor tecnologia disponível, proporcional ao risco e compatível com o momento. Essa é a nova realidade: segurança deixou de ser reativa e passou a ser estratégica.” Caio também defendeu a criação de uma Autoridade Nacional de Cibersegurança, proposta em projeto de lei recente, como forma de superar a fragmentação atual e construir uma estratégia nacional integrada: “Ainda vemos muitos incidentes sendo tratados isoladamente. Precisamos de coordenação, compartilhamento de conhecimento e uma visão ampla da proteção da informação.”
O painel concluiu que o Brasil precisa abandonar os silos e construir uma estratégia nacional de cibersegurança, com políticas de longo prazo, formação de talentos, incentivo à pesquisa e colaboração entre governo, empresas e sociedade. A segurança digital, afirmam os especialistas, deve estar no centro das agendas corporativas e governamentais.