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21 de novembro de 2024

A expansão da cloud na América Latina: o que a impulsiona?

Felipe Rossi (*)

Nos últimos anos, o armazenamento em nuvem se consolidou como pilar fundamental para a transformação digital à nível global. Segundo dados da Gartner, o mercado mundial de IaaS segue em um movimento de expansão significativa, com projeções que indicam uma taxa composta de crescimento anual (CAGR) próxima de 25% até 2027. O cenário é impulsionado pela crescente adoção de serviços baseados em nuvem por empresas de todos os tamanhos e setores, que buscam modernizar as operações e, sobretudo no último ano, implementar novas tecnologias emergentes, como inteligência artificial (IA) e machine learning (ML).

Avaliando a América Latina, o setor vive um aquecimento ainda mais amplo. De acordo com a Market Data Forecast, o mercado latino-americano de serviços de armazenamento em nuvem atingirá US$ 145 bilhões até 2026, com um CAGR de 27,8%. O crescimento ainda mais elevado do que a média global reflete a necessidade de aprimorar a infraestrutura tecnológica local. Trocando em miúdos, a demanda por soluções mais ágeis e escaláveis visa superar gargalos históricos da região.

Até por isso, a transformação digital continua a ser o principal impulsionador para a adoção de IaaS e armazenamento em nuvem. À medida que as companhias procuram otimizar suas operações, a nuvem oferece a flexibilidade necessária para suportar novas cargas de trabalho e recursos emergentes.

No entanto, novos fatores ajudam a impulsioná-la cada vez mais. A própria pandemia da Covid-19, por exemplo, acabou por acelerar e muito o processo corporativo de transição para soluções de cloud, uma vez que muitas companhias se viram forçadas a adotar modelos de trabalho remoto. Hoje, com o modelo híbrido já bastante estabelecido, a tecnologia consolidou-se como uma ferramenta essencial para conectar equipes distribuídas globalmente, além de garantir a produtividade e eficiência operacionais.

Outra tendência emergente no setor é a adoção de estratégias multicloud. Uma das grandes atenções do mercado está na opção por priorizar múltiplos provedores de nuvem para evitar o risco de ‘vendor lock-in’, além de assegurar resiliência nas operações. Segundo um relatório da Flexera, 92% das empresas têm uma estrutura multicloud e o número tende a aumentar. Tal abordagem diversifica os riscos associados a depender de um único provedor, assim como permite que as companhias aproveitem melhor cada plataforma, otimizando custos e desempenho.

Ainda hoje, os chamados provedores de hiperescala, como AWS, Microsoft Azure e Google Cloud, continuam a dominar o mercado global de IaaS. No entanto, existe um claro movimento de ascensão voltado para novos players regionais, sobretudo em regiões emergentes como a América Latina, por oferecerem alternativas competitivas com foco em atendimento personalizado e conformidade com regulamentações locais. Atuações com essas características se tornam uma opção atraente para organizações que buscam suporte mais próximo e maior adaptação às necessidades específicas do mercado local, incluindo, por exemplo, a conformidade legal, como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), no caso do Brasil.

Embora a nuvem ofereça flexibilidade e escalabilidade, a gestão de custos continua sendo um grande desafio, especialmente na América Latina, onde a maior parte do mundo corporativo ainda está em fase inicial de sua adoção. Portanto, a otimização de gastos é essencial para maximizar o retorno sobre o investimento (ROI) e garantir que as empresas possam manter seus investimentos em tecnologia alinhados com seus objetivos estratégicos por um longo prazo. Novamente, os provedores regionais podem auxiliar melhor no processo de adoção, por oferecerem serviços com melhor visibilidade e precificação.

A verdade é que em um mercado cada vez mais digital, a nuvem é a chave para auxiliar as empresas latino-americanas no movimento de inovação e escalabilidade dos negócios.

(*) CEO da 4B Digital.