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24 de fevereiro de 2025

Do EAD ao Metaverso: os efeitos da tecnologia para a transformação do ensino superior

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<p><em><span style="font-size: 12.16px;">Evandro Abreu (*)<img src="images/artigos/2022/evandro_abreu_Provider_IT_300.jpg" border="0" width="300" height="416" style="float: right; margin: 5px;" /></span></em></p>
<p>A realidade que esperávamos no futuro já é presente em instituições de ensino de todo o país, desde a educação básica, até o ensino superior. As aulas mediadas por tecnologia foram aceleradas, principalmente, pelo surgimento da pandemia de COVID-19, que exigiu mudanças drásticas na maneira como a educação é vista no Brasil. No entanto, muito além das aulas remotas e ferramentas de ensino à distância, é necessário entender e desenvolver uma narrativa que demonstre o cenário tecnológico nas instituições de ensino superior (IES), como elas afetam a jornada do aluno e traçar um panorama para o futuro –, que está mais próximo do que podemos imaginar.</p>
<p>De acordo com dados do portal “Coronavírus”, desenvolvido pelo Ministério da Educação (MEC), em março de 2021, um dos momentos mais delicados da pandemia, quase 93% das universidades federais do Brasil utilizaram ferramentas tecnológicas para mediar as aulas. Destes, 78% de forma totalmente remota e menos de 15% de forma híbrida. Quanto aos Institutos Federais, 100% deles atuaram de forma remota, por meio de tecnologias, neste mesmo período.</p>
<p>Com o desenvolvimento, quase obrigatório, das universidades com relação às tecnologias de ensino à distância, novos modelos de ensino surgiram, alinhando a demanda e o interesse dos alunos às vantagens resultantes para as instituições. Antes desse período, os modelos oferecidos eram majoritariamente o presencial e o EAD (ensino à distância). Com estas mudanças, algumas instituições passaram a oferecer além do presencial, o remoto gravado (em que a interação com o professor é menor), o híbrido (uma mescla entre presencial e remoto) e o remoto online (aulas ao vivo com interação constante com os professores).</p>
<p>Com a alta taxa de desemprego e as dificuldades enfrentadas pelos estudantes, o ticket médio em IES privadas apresentou processo de redução. A oferta de modelos com valores adequados à realidade dos alunos é uma possibilidade de apoio à captação e retenção destes estudantes. Uma das questões que entra em cheque, no entanto, é o desenvolvimento e a evolução de sistemas de informação adequados aos novos desafios e a todos os pontos de contato da jornada dos alunos, a partir desta diversificação de canais de ensino.</p>
<p><strong><span>Maturidade tecnológica das instituições de ensino superior</span></strong></p>
<p>Na era dos dados, a implementação de sistemas de informações sólidos e que contemplem integralmente a jornada do aluno tornam-se cada vez mais importante para acompanhar a evolução e o desenvolvimento do setor. A utilização de sistemas de Business Intelligence (BI), por exemplo, possibilita a compreensão das operações de ensino em todas as etapas de interação do aluno, projetando indicadores que facilitam a análise da jornada em diferentes ângulos, visões e processos.</p>
<p>Os insights obtidos a partir destas ferramentas projetam benefícios diretamente ao aluno, como o aperfeiçoamento e a personalização do ensino de acordo com as necessidades de cada estudante. As instituições, por outro lado, podem ser beneficiadas com a mitigação de riscos relacionados, principalmente, ao setor financeiro e a evasão intrasemestral ou desistência intersemestral, a partir de predições assertivas extraídas de dados estruturados.</p>
<p>Para isso, no entanto, é preciso amplificar a maturidade tecnológica das instituições. Embora algumas barreiras tenham sido quebradas a partir da pandemia, outras se mantêm tão rígidas quanto antes, o que precisa ser alterado para que as instituições consigam acompanhar o ritmo acelerado de inovações e adoção de tecnologias que contribuam para o avanço das IES neste mercado.</p>
<p><strong><span>Futuro tecnológico na educação universitária</span></strong></p>
<p>A soma dos fatores elencados acima é um dos principais responsáveis pela escalada tecnológica na educação. No entanto, outros agentes desempenham papel fundamental nessa ascensão, como as Edtechs (startups do segmento de educação), por exemplo.</p>
<p>Segundo um levantamento realizado pelo CIEB (Centro de Inovação para a Educação Brasileira) e pela Abstartup (Associação Brasileira de Startups do Brasil), o país já soma 566 startups de educação, um aumento de 26% em dois anos. Com a transformação digital do ensino, ferramentas e serviços oferecidos por estas Edtechs têm despertado o interesse de escolas, professores, alunos e também de investidores, e já demonstram o que se pode esperar para o futuro da educação.</p>
<p>A ampliação de startups neste setor e o crescimento de soluções inovadoras, alinhadas à chegada da geração de nativos digitais às universidades, ajudam a trazer mais dinamismo ao processo de ensino-aprendizagem e a motivar os alunos a aprender. Entre essas soluções, está a gamificação, cuja ideia é utilizar técnicas de jogos em diferentes situações, com objetivo de aumentar o interesse dos alunos e a absorção do conteúdo transmitido.</p>
<p>Outro modelo tecnológico que se destacou rapidamente nos últimos meses foi o Metaverso, entendido atualmente como um ambiente virtual imersivo, coletivo e hiper-realista, onde as pessoas podem conviver usando avatares customizados em 3D. Em outras palavras, é uma continuidade do mundo físico, com senso de presença individual, como identidade, histórias, direitos, objetos, comunicações e pagamentos.</p>
<p>A união do conceito de gamificação à esta rápida ascensão do Metaverso nos mais diferentes segmentos abre inúmeras oportunidades de inovação nas formas de ensino, corroborando para o dinamismo das aulas e para a melhora da performance e absorção de conteúdos.</p>
<p>A inclusão do Metaverso no ambiente universitário pode parecer algo que não tenha correlação, porém imagine uma aula de história sobre a segunda guerra mundial. Com a tecnologia e as ferramentas imersivas disponibilizadas, o estudante pode ser inserido digitalmente neste ambiente, a partir de elementos e mídias que remetam e o coloquem dentro de determinados cenários com vivenciamento hiper-realista e com a troca de experiências com outros alunos e professores, qualificando, cada vez mais, o processo de aprendizagem.</p>
<p>O cenário esperado para o futuro, em muitos aspectos, ainda é incerto e este é apenas um dos exemplos de como a tecnologia e o Metaverso podem impactar no futuro do ensino. Entretanto, as mudanças já começaram e as possibilidades se multiplicam a cada dia. Desta forma, as instituições precisam se adaptar rapidamente para esta nova realidade, desde a estruturação das áreas de TI, implementação de sistemas de informação bem estruturados, até a adequação das ofertas de ensino e soluções digitais aderentes ao desenvolvimento tecnológico.</p>
<p><em>(*) Diretor Executivo da Provider IT.</em></p>