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São Paulo
23 de dezembro de 2024

Crédito consciente para empresas

Por Thiago Archina*
O aumento da renda na maioria das
famílias brasileiras e a ascensão da
classe C provocaram um verdadeiro
turbilhão na economia brasileira,
que ainda vive a ressaca de um
momento de grande euforia. Mais de
35 milhões de brasileiros tiveram
acesso ao crédito e migraram da
classe C para a classe B.
O governo incentivou a economia com
a redução da taxa de juros dos
bancos federais e a queda de
alíquota de impostos, como o IPI. Um
dos resultados, de acordo com
pesquisas, é que 22% da população em
geral têm sua renda comprometida com
endividamento, e 15% dos tomadores
de crédito estão inadimplentes, e
destes, 47% pertencem à classe C.
Uma grande demanda de pessoas
querendo consumir sem se preocupar
com seu futuro financeiro pode gerar
impacto até no PIB (Produto Interno
Bruto) e no próprio custo de um
financiamento. Tirar de circulação
um dinheiro que não é reposto
encarece o crédito, porque diminui a
oferta de recursos e aumenta o risco
para quem empresta.
Toda essa ciranda gera um grande
impacto nas empresas. Se o
endividamento preocupa a população
em geral, para o empresário a
inadimplência faz com que se acenda
um alerta vermelho.
Mas antes de sair ao mercado para
obter empréstimo, é importante
avaliar para que será necessário o
dinheiro extra. Se for para saldar
dívidas, a lição de casa deve ser
feita: é preciso primeiro realizar
um choque de gestão, com análise
detalhada da situação financeira da
empresa e controle rígido de custos.
Uma empresa inadimplente atrapalha o
sistema financeiro e gera um efeito
cascata. A não ser que seja feito um
planejamento muito detalhado para o
pagamento do empréstimo, é provável
que a empresa continue no vermelho e
seja obrigada a pedir dinheiro ao
mercado novamente.
Caso a empresa queira o dinheiro
para investir, ampliar seus
negócios, há vários cuidados a serem
tomados para não cair em armadilhas.
É importante identificar as linhas
disponíveis no mercado e escolher a
melhor para a empresa.
Para que os juros não impactem o
fluxo de caixa, é preciso ter um bom
planejamento financeiro. A TIR (Taxa
Interna de Retorno) deve estar de
acordo com o que a empresa espera. O
retorno sobre o investimento tem que
ser sempre superior à taxa que o
empresário está pegando emprestado,
caso contrário, é melhor procurar
outra instituição ou modalidade de
empréstimo com taxas melhores, ou
até mesmo adiar um pouco o plano de
expansão.
Uma alternativa recomendada para
obtenção de crédito é manter
balanços anuais auditados, mesmo em
pequenas e médias empresas. É
fundamental considerar a auditoria
como parte do investimento,
principalmente nas empresas que têm
por hábito tomar dinheiro no mercado